Existem duas queixas comuns, que escuto bastante na clínica e que tem toda um relação com os atravessamentos do adolescer e os mal-entendidos que acabam por surgir entre pais e filhos.
1) O controle dos pais:
Este tema comparece muitas vezes como questão. O adolescente anseia por sua autonomia, possuem uma grande necessidade de independência embora também seja fator de um enorme susto no que isso também aponta em termos de maior responsabilidade individual por seus atos e escolhas. Essa medida entre pais e filhos sobre a questão do controle, liberdade e confiança é normalmente situação de grande embaraço e requer muita escuta. São pontos que vão muito além de um mero manual de conduta, de certos ou errados. Mas que diz muito da relação entre eles e que nos dá boas direções sobre esse campo relacional e das fantasias e medos envolvidos por cada um.
2) A falta de incompreensão dos pais:
Este é um outro ponto muito comum, como se sentem incompreendidos pelos adultos, e de fato muitas vezes o próprio jovem sequer se compreende por falta de palavras para traduzir seus turbilhões, palavras lhe faltam para seu mal estar e suas manifestações. Portanto, a comunicação fica de ambos os lados bastante truncada em diversos momentos. Diálogo requer trabalho e investimento. Mas também suportar algumas incompreensões e confusões de línguas é necessário para que a relação avance, mais real e menos ideal. Mesmo porque, um genitor que tudo sabe, tudo entende, ou tudo vê, pode ser muito problemático para aquele sujeito adolescente em formação.
O que é possível operar, escutar, nomear a partir desses dois pontos que comparecem inicialmente como queixa é uma grande travessia, e requer trabalho de ambos na relação.
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