Em um mundo muito voltado para as comparações, o outro vira métrica pro nosso chicote interno.
A imagem do que se vê nas redes sociais vira cenário de roteiro de filme de assombração que confeccionamos para nos enredar presos em nossa rede (narcísica, das nossas fantasias ...) Uma cena carregada de imaginário, que seduz mas também promove cegueira.
As imagens e fantasias com relação ao outro atrás da tela e suas exposições trazem fantasmas familiares e reforços a ataques contra o nosso próprio ego, trazendo nossas idealizacões e nos distanciando cada vez mais da via claudicante e faltosa que é de fato o que nos traz um verdadeiro amparo.
As disputas por: quem é mais, quem é menos, melhor e pior dualizam na esperança do reconhecimento do nosso tamanho e importância e demanda de amor. E como se isso tudo importasse muito de fato. Quando na verdade só nos distrai de uma outra perspectiva do quadro, mais ampla, maior.
Quem a gente é, se cumprimos nosso roteiro planejado, se estamos a altura do excelente currículo, se desfaz ao longo do percurso de uma análise e vai deixando de ter tanta importância. O valor desloca pra um outro lugar. Que é ter uma história para contar.
Ganha lugar o que é essencial, ganha um novo tom, com as cores de alguns enxugamentos narcísicos e transformações com o que se perde, se decanta e ressignifica ao longo de uma vida.
Quem muito se compara se perde por não querer perder as miragens e perde de reconhecer o seu brilho, que é no singular que nos fazemos desejantes e vivos no que nos causa.
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